quinta-feira, 28 de maio de 2009

Luiz Caldas e o Apartheid



Um banquinho, um violão e a arte de Luiz Caldas contagiaram o programa da última segunda-feira. O bom Luiz, discípulo de Gonzaga e de Mozart, mostrou um pouco das 130 canções inéditas de seu novo álbum constituído de dez CDs, cada um deles se aventurando por um ritmo musical diferente, do rock ao frevo, passando pelo instrumental clássico e o forró. Ele e seu parceiro César Rasec brindaram os ouvintes do Circulando com uma música que chamou bastante a atenção por expor com seriedade e ironia o apartheid sócio-econômico do carnaval baiano. Quem quiser ouvir e sacar mais deste trabalho multifacetado deve visitar www.luizcaldas.com.br (a imagem acima traz o belo design do site).

Recebam aí a inspirada letra da canção citada acima, que termina com o (infelizmente) improvável diálogo entre o folião pipoca e o folião do camarote:

Apartheid da alegria
(Luiz Caldas e César Rasec)

Chuva de grana, carnaval com capilé
A festa acabou sendo o que é
Estica e puxa na fila pra desfilar
E a pipoca já não brinca sem gastar

No apartheid da alegria
O trio que passa traz a massa
E no camarote, segurança e muito mimo de graça
Dentro do bloco a beijação não traz pirraça
Do outro lado o Pitt Bull só quer brocar
Não se volta no tempo sem respeito à praça
Careta agora é só pra se enfezar
Agora é o abadá, mortalha nunca mais
Pois quando tudo é free sempre se quer mais
E atrás de espaço fica o nobre cidadão
Maluco pra tirar o pé do chão

Ei você aí do camarote, toma uma aí por mim
Porque aqui embaixo é bico seco, agora é assim
Ei você que tá nessa pipoca, pula um pouco aí por mim
Porque dessa mordomia eu só vou sair no fim


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