O Sentido do Tempo
Saudações...
Outro dia, resolvi fazer uma coisa que não faço desde muito tempo.
Calma que não é nada demais!
Vou explicar.
Nós que já passamos dos trinta começamos a aceitar certos axiomas e estereótipos sobre a passagem do tempo que acabam virando verdade. Sabe aquela coisa nazista do Joseph Goeblees, aquele chefe da propaganda nazista, que dizia que “Não há mentira que, se repetida uma determinada quantidade de vezes, não se transforme em uma verdade”. Pois é, assim se formam os estereótipos, verdades nem sempre verdadeiras. Um deles é aquele que diz: “haaa, não tenho mais idade pra fazer tal coisa, não tenho mais pique pra isso...”
O tema que eu quero tratar aqui é sobre essa coisa de perder noite. Aliás, o Circulando, já me leva uma parte dela mesmo...
Eu ficava repetindo pra mim mesmo que esse negócio de passar a noite em claro seja na balada, seja trabalhando ou estudando (e diga-se que tenho feito muito isso) não é uma coisa legal. E embora seja obrigado muitas vezes a ver o dia clarear de dentro do escritório digitando infindáveis páginas ou revisando intermináveis textos, ou ainda editando imagens, confesso que não faço isso de bom grado e muitas vezes suspiro resignado à desdita de ser um notívago forçado.
Pois é, resolvi, como disse no início, fazer voluntariamente algo que não faço há muito tempo. Ver a alvorada, o amanhecer, a aurora por simples prazer, por vontade... Esperar o dia raiar... Ficar com a cara de ontem... como queiram!
Vou contar a vocês... foi um barato. Um barato mesmo! No sentido lisérgico da palavra. Tive uma onda. Se é que eu sei como é ter uma “onda”. Logo eu que não bebo e não fumo e o máximo de droga que eu experimentei foi coxinha de galinha, pastel e kibe na Fonte Nova domingo de tarde antes do BAVI. E a química mais pesada que eu conheço chama-se Tubaína!
Mas, tive uma onda, como alguns possam preferir entrei em um êxtase, falei com Deus. Entendi a vida. Foi legal. E eu juro que não surtei.
Apenas acho que o fato de ter me permitido uma descontinuidade no ciclo sono-vigília-sono-vigília me deu uma nova noção de continuidade. Uma coisa meio indiana (bem afeito aos caminhos televisivos atuais). Fiquei mais sensível enquanto o sol aparecia por trás da minha santificada cidade ( o nome não nega seu sentido santificado).
Se o pôr-do-sol da Baia de Todos os Santos é belo o expôr-do-sol é igualmente fabuloso. Fui premiado. Fiquei sensível mesmo. Entendi o significado simples de algumas coisas que eu havia esquecido temporariamente. Como somos abençoados por vivermos em uma terra como essa cheia de belezas, malícias, criatividade e música. A Bahia é música... mesmo em silêncio. Pois, a sua beleza canta sem fazer barulho. Essa terra é harmonia pura!
Lembrei de que nos lamentamos demais e agradecemos de menos. Esquecemos de agradecer a quantidade impressionante de gente que nos ama, que nos admira e que são um estímulo permanente para o nosso crescimento. Esquecemos delas... ou, pelo menos, esquecemos de lembrar delas...
Sabe aquela frase?
“As pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.”
Esqueça o lado dramático da frase e pense apenas que devemos impregnar a vida das pessoas que convivem conosco com a nossa presença amorosa. Isso é uma obrigação.
No meu despertar sem sono eu também pensei que precisamos dar mais valor às coisas simples e se exasperar menos com o que parece irremediável. Aliás, exatamente porque nada é irremediável. Se existe algo mais perfeito fruto da tradição universal é a idéia de que tudo passa...
E ainda assim o tempo é inexorável e o tempo é a única coisa que não se pode voltar para trás. Por isso, como diz o provérbio bretão, plantemos nosso jardim e decoremos nossa alma, ao invés de esperar que alguém nos traga flores.
E finalmente, enquanto os primeiros raios da aurora prateavam o espelho d´água límpido e um pouco poluído da Baia de Todos os Santos eu reencontrei meu laço desatado com a poesia e com humildade disfarçada escrevi:
Existem dias, Amor, tão torturosos,
Em que os gênios do mal mais lancinantes
Despertam dos ermos mais escabrosos;
Existem dias assim, duros, sufocantes.
Há as manhãs, no entanto, esfuziantes,
Em que Luz lança-se em fachos poderosos,
Em que a Vida aparece bruxuleante,
E os anjos tocam clarins maravilhosos.
Mas se tudo em nada tem constantimento,
E os dias são fugazes, no mundo e lida,
Altos e baixos de constância desprovida,
Já seus olhos, sempre, acalmam os sofrimentos;
E teu sorriso-aurora, sempre, encantamentos;
E teu Amor, em mim, sempre, o dom da Vida!
Dito e feito, vamos circular...
Ricardo Carvalho
5 comentários:
Ricardo,
Parabéns....
Amei ...
Fico feliz de ler textos como seu.
Homem inteligente e sensível..
simplesmente adorei...
beijos
Adry Cohim
Ricardo, pena que pessoas que convivemos e admiramos não valoriza um verdadeiro sentimento de amizade, e de amor.
Parabéns, a partir de hoje estarei mais vigilante, não quero me arrepender por perder pessoas especiais, mas o que me deixa mais tranquilo é contemplar a natureza.
Abraços.
Show o cronicando dessa semana, Rick!
Responde uma coisa, msm tendo o futebol, terá toda quarta o Circulando, mesmo este sendo por 1 hora??...ia ouvir o festival, e por acaso ja tava na sintonia da 101,3 - ouço vcs!! Aí claro preferi ouvir vcs...hehehehe
Bjos
Luh D'Oliveira
Kinhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Depois passe no meu blog:
http://efeitosingular.blogspot.com/
Felicidades, Saúde, Paz, Luz, enfim, tudo de bom pra vc!
Bjos
Luh D'Oliveira
Rick, vc dá show mesmo.
Te adoro muitooo!!!
Sou sua fã e vc sabe o quanto te adimiro!
Desejo de coração poder sempre acompanhar seus trabalhos porque vc me enriquece muito com suas palavras e diverte também, cláro!! rs
Bjos no coração.
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